No dia 29 de abril de 2025, na Pinacoteca Ruben Berta foi inaugurada a exposição de desenhos intitulada “Cápsulas, síliquas e vagens” de Ana Margarida Xavier. A artista - que também é arquiteta e uma das autoras do projeto de restauro do casarão que abriga a Pinacoteca - é curadora da mostra de obras selecionadas no acervo do museu, intitulada “Sobre papel”, apresentada na mesma oportunidade.

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Cápsulas, síliquas e vagens

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​de Ana Margarida Xavier

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As formas das cápsulas, síliquas e vagens, os frutos secos que guardam as sementes de muitas espécies vegetais, há muito me atraem e intrigam. Paro para observá-las e recolhê-las, repetindo o gesto ancestral das mulheres guardiãs e coletoras de sementes.

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O desejo de representá-las veio naturalmente junto com o interesse por elas, porque desenhar é destrinchar, conhecer. O recorte mais óbvio foi, nesta primeira abordagem, escolher as espécies arbóreas mais próximas.

Como moradora de Porto Alegre, procurei as árvores do espaço urbano, especialmente as nativas, presentes nos parques, praças e calçadas. O desenho botânico, buscando representar ao mesmo tempo todos os indivíduos, busca o perfeito, o ideal. Nos meus desenhos prefiro o infinito das formas imperfeitas.

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O lápis de cor, que permite facilmente captar forma, cor, texturas, foi o material que melhor se apresentou para essa exploração. Assim como as sementes carregam os processos biológicos e seus mistérios, os grafites coloridos prometem descobertas.

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Continuação da pesquisa anterior no que se refere ao tema - os frutos secos de espécies arbóreas, preferencialmente as nativas usadas na arborização urbana de Porto Alegre, na série “Esferografismos” os desenhos são agora despojados da cor e trazem a exclusividade do traço, inerente e essencial ao desenho. 

O foco está na exploração das formas e das relações entre elas e os vazios. A luz revela e define a farsa da figura plasmada em duas dimensões. Sem a cor, a caneta esferográfica preta reduz ao básico o material do desenho sobre o papel.

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As pequenas dimensões e a exclusividade do tema sugerem uma leitura em justaposição. Trata-se de um trabalho em processo de execução, com descobertas, desafios e incertezas sobre onde e se haverá linha de chegada.

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A artista por ela própria

 

Sou Ana Margarida Xavier e desde os meus 17 anos escolhi os caminhos da criação e da arte. No início, meio intuitivamente, depois, elaborando as minhas escolhas, fiz da necessidade humana de beleza e transcendência meu mote principal. Estudei Arquitetura e Artes Visuais. Expus meu trabalho em espaços da cidade nos anos 1980 e 1990 e o reconhecimento veio em forma de algumas premiações, ainda nos anos 1980. Depois de um período distante das atividades de ateliê, no qual atuei como Arquiteta na Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural da Prefeitura de Porto Alegre, retorno à minha primeira vocação na busca por expressão, forma e sentido, com o prazer e as inquietações inerentes ao trabalho. Somo neste retorno a consolidação do meu encanto - e desencanto - pela natureza e pela possibilidade e urgência de sua regeneração.

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Artistas da exposição “Sobre papel”

 

ALAN DAVIE, ANA LETYCIA, BILL MAYNARD, CHANG DAI-CHIEN, ELISEU VISCONTI, FAYGA OSTROWER, FLORIANO TEIXEIRA, GRAHAM, SUTHERLAND, ISABEL PONS, JUDITH FORTES, LASAR SEGALL, MARIA BONOMI, MARINA CARAM, ROBERTO CAMPADELLO, RUBENS MARTINS ALBUQUERQUE, VERA ILSE, WESLEY DUKE LEE, ZORAVIA BETTIOL.

 

 

 

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